quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Adelino Nascimento: A Majestade do Brega



Infames Leitores,

O meu, o seu, o nosso aro de há muito devia uma postagem sobre este ícone do romanesco-popular, nada mais nada menos que Adelino Nascimento!

Auto-intitulado "o cantor mais apaixonado do Brasil e do resto do mundo", o gênio nascido em Maracaçumé no Maranhão, falecido em Aracajú em 2008, vítima de problemas respiratórios, deixou clássicos que embalaram as paixões de casais do Brasil e do resto do mundo como: "Na Pracinha da Igreja", "Secretária na Beira do Cais", "Telefone", "Voa Canarinho", "Caminhoneiro Apaixonado" e "Vou Voltar pra São Luiz".

Ao contrário de outros cantores, Adelino não permitiu que convenções gramaticais, concordância ou plural limitassem seu trabalho. Ele e o amor estão acima disso.

Embora existam inúmeros boatos sobre as circunstâncias de sua morte, o próprio cantor asseverara em sua obra que, de fato, sua doença era o amor.

Vejamos a verve e o esmero poético de Adelino na canção "Secretária da Beira do Cais" que retrata a condição das funcionárias administrativas nas regiões portuárias do país:

Ela espera e não desespera na beira do cais
Ela quer quem vier quem trouxer quem der mais
Ela sabe que os homens de branco estão pra chegar
E na cama ela tenta a vida ganhar


Vejam isso... "Ela espera e não desespera", isso é um tapa em Caetano e Gil, Adelino fundiu a cuca de vocês.


Seu olhar inquieto vacila em qualquer direção
O seu corpo empinado desfila na escuridão
Ela é uma estrela que brilha na vida que traz
Ela é a mulher maravilha da beira do cais (bis)


A quenga descrita como a heroína da noite.

Fim de mês é a hora e a vez de rever os parentes
Ela vai trazendo nas mãos milhões em presentes
Num instante se torna mocinha do interior
Um alguém com a pureza de quem nunca teve um amor
(bis)

A pureza restaurada no seio familiar.

"Como vai?" pergunta o pai a filha querida
Ele saber como é que está sua vida
Ela diz que é muito feliz na vida que traz
Que trabalha como secretária da beira do cais (bis)



Outro momento marcante na carreira de Adelino foi quando o poeta conseguiu usar o verbo "transpassar" pela primeira vez em uma canção, na bela "Vou Voltar pra São Luiz":


Chegou a hora
Eu tenho que ir embora
Eu não sei se algum dia
Voltarei neste lugar


Meu coração
Vai transpassado de dor
Porque eu sei que meu amor
Nunca mais quer me amar

Quando eu chegar
Em lugares diferentes
Ver alguém em minha frente
Lamentando o seu amor


Aí, eu sentarei do seu lado
Falarei do meu passado
Minha doença é amor
Aí, eu sentarei do seu lado
Falarei do meu passado
Minha doença é amor

Tem mais de um ano
Que deixei minha cidade
Aonde eu fiz tanta amizade
Aonde tá meu amor

Deus te peço por caridade
Quero encontrar na cidade
Um alguém que me deixou
Deus te peço por caridade
Quero encontrar na cidade

Um alguém que me deixou
Vou voltar pra São Luiz
São Luiz do Maranhão
Vou voltar pra São Luiz
São Luiz do Maranhão

Foi lá que ficou minha amada
Rosemeire adorada
Dona do meu coração
Foi lá que ficou minha amada
Rosemeire adorada
Dona do meu coração

Vou voltar pra São Luiz
São Luiz do maranhão...


Deveras é impressionante como o Maranhão é um celeiro de grandes poetas do porte de Adelino Nascimento, Raimundo Soldado e as pessoas insistem em falar somente em Zeca Baleiro e Ferreira Gullar!


Obs: No lado direito da tela o blog ganhou novas ferramentas: Uma barra de vídeos com o melhor do cancioneiro popular, Uma barra de pesquisa pra você localizar , por exemplo, quantas vezes consta a palavra "chifre" no blog, e ainda uma lista dos posts mais acessados.

Obs2: Persigam-me no twitter: @Nierine

2 comentários:

  1. Mais uma potência vindo de Sarneylândia, digo, Maranhão. Ô terra que nunca para de me dar orgulho!!!

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  2. Sr. Pablo Nierine, obrigado por esse espaço de expressão da mais alta cultura maranhense, so quero lembrar de um novo talento lá de Ze Doca ou Bacabal, chama-se Chicão dos Teclados e qualquer semelhança com Nelson Ned é mera coincidencia.

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