
Defenestrados Leitores,
Como veremos, existem mais coisas entre um aristocrata inglês, uma personagem da novela “Araguaia”, a minha primeira playboy e uma dupla argentina que fez sucesso no nos anos 80, do que sonha nossa vã filosofia.
Nos anos 80, uma canção em forma de dueto tomou as rádios latinoamericanas, sendo uma das mais executadas, principalmente nos cabarés de fronteira, de Tabatinga até Foz do Iguaçu.
Trata-se da canção “olvidame y pega La vuelta” da dupla de dois chamada Pimpinela, formada pelos irmãos Joaquin e Lucia Galán.
Os irmãos se destacaram por compor e interpretar de uma maneira muita peculiar, incluindo um ar teatral nas apresentações e com letras que narram situações cotidianas na forma de diálogo.
Não por acaso, as canções que retratam brigas típicas de casal alcançaram grande sucesso, passando a ser chamadas de “peleas cantadas”, marca característica da dupla.
Para os curiosos, “pimpinela” é uma planta aromática dos prados úmidos, com flores purpurinas, da família das rosáceas.
Pimpinela também é nome de uma presonagem da atual novela das seis, que passa às sete.
Pimpinela também se refere ao famoso Sir Percy Blakeney, aristocrata precursor de Schindler, que ajudou muitos colegas de sangue a fugir da guilhotina e de Robespierre.
Percy enviava a galera aristocrata para a Inglaterra, deixando-os em segurança, colocando no local, apenas uma pequena flor vermelha. Isso lhe valeu o apelido de o “Pimpinela Escarlate”.
Segue a canção:
Olvidame Y Pega La Vuelta
Hace dos años y un día que vivo sin él,
Hace dos años y un día que no lo he vuelto a ver,
Y aunque no he sido feliz aprendí a vivir sin su amor,
Pero al ir olvidando de pronto una noche volvió...
¿Quién es?
Soy yo...
¿Qué vienes a buscar?
A ti...
Y es tarde...
¿Por qué?
Porque ahora soy yo la que quiere estar sin ti...
Por eso vete, olvida mi nombre, mi cara, mi casa,
Y pega la vuelta
Jamás te pude comprender...
Vete, olvida mis ojos, mis manos, mis labios,
Que no te desean
Estás mintiendo ya lo sé...
Vete, olvida que existo, que me conociste,
Y no te sorprendas, olvida de todo que tú para eso
Tienes experiencia...
En busca de emociones un día marché
De un mundo de sensaciones que no encontré,
Y al descubrir que era todo una gran fantasía volví,
Porque entendí que quería las cosas que viven en ti...
Adiós...
Ayúdame...
No hay nada más que hablar...
Piensa en mí...
Adiós...
¿Por qué?
Porque ahora soy yo la que quiere estar sin ti...
Por eso vete, olvida mi nombre, mi cara, mi casa,
Y pega la vuelta
Jamás te pude comprender...
Vete, olvida mis ojos, mis manos, mis labios,
Que no te desean
Estás mintiendo ya lo sé...
Vete, olvida que existo, que me conociste,
Y no te sorprendas, olvida de todo que tú para eso
Tienes experiencia...

No Brasil a canção ganhou uma versão, entre outras, da dupla Jane e Herondy, que também se notabilizou por compor e cantar nesse estílo. Vale lembrar o clássico "Não se Vá", que possui, por sinal, um desfecho muito mais feliz que a canção anterior.
Lembro-me que encontrei certa manhã Jane passeando perto de seu apartamento no bairro dos Jardins em São Paulo.
Eu havia sido alertado pelo porteiro do hotel onde eu estava que isso poderia ocorrer, e me sugeriu que não falasse do Herondy pois eles haviam se separado.
Há menos tempo, a Banda Vexame liderada pela minha primeira playboy Marisa Orth (no auge de suas pernas) alcançou popularidade com uma versão da música portenha.

Pra quem não lembra, em cima do palco, Marisa Orth virava a apresentadora Maralu Menezes e seus convidados Carlos Pazzeto, Marcelo Papini e Fernando Salém viravam Malcon Ewerson, Cido Campos e João Alberto, respectivamente.
O repertório da banda era composto por resgates de clássicos da música nacional e internacional como: Uma vida só (pare de tomar a pílula), cantada nos anos 70 por Odair José ou Chuvas de verão, de José Augusto.
A Vexame criou um rótulo para o repertório que apresentava: MBPBB (Música Bem Popular Bem Brasileira), que incluia ainda canções de Lílian, Sharon, Fernando Mendes e Roberto Carlos.