quinta-feira, 11 de abril de 2019
Receita para que os Homens Melhorem [Wood Allen e o Confeiteiro]
Não sei se foi Wood Allen, ou meu confeiteiro, que uma vez me alertou do contraste entre a mulher e o homem nus, a primeira é uma deusa, uma obra de graça e inspiração da natureza, o segundo não passa de um pêndulo desajustado. O abismo não para por aí, vários relatos de amiga(o)s reconhecem que gostar de homem não é escolha, se fosse estaríamos fodidos, ou desprovidos de foda qualquer.
O homem não passa de um mal necessário para a perpetuação da espécie. Precisaremos boicotar qualquer pesquisa que crie uma forma de reprodução que não nos envolva se pretendermos nos manter por aqui sob uma justificativa lógica antes que descubram nossa insólita e evidente inutilidade, não sendo o bastante ainda abusamos de nossa prescindibilidade.
A lei de falências estabelece que o empresário falido e não reabilitado fica proibido de exercer a atividade empresarial enquanto não for dada por cumprida toda uma série de obrigações pendentes. E se nos relacionamentos fosse assim? Se aos homens fosse dado ou permitido se enamorar novamente ou ensaiar o cortejo de um novo amor somente mediante a prova de quitação das pendências anteriores? Talvez isso nos ajudasse a melhorar.
Nem me refiro ao cumprimento das grandes promessas e juras, a utopia da fidelidade e do amor eterno não alcançadas [deletar esse trecho na revisão final pra não ter encrenca com a patroa], em verdade, não são a causa essencial da bancarrota e do declínio das relações.
O amor se estrepa nas pequenas coisas, como diria Drummond, sendo minado e corroído nas pequenas frustrações e desenganos, nas mais miúdas coisas que somos relapsos, e friso, somos todos relapsos, inclusive a mim, pois dos meus conhecidos só vejo campeões em tudo, sensíveis desconstruídos ou touros reprodutores incompreendidos, todos nós incapazes de reconhecer uma falta sequer. E teria maior prova de amor para a nova amada que acordar pela manhã e em nome dela dar a cumprir como os doze trabalhos de Hércules as pequenas promessas não cumpridas para os ex-amores?
Levar Tereza ao cinema (sim Tereza não foi levada ao cinema por inúmeras procrastinações), ensinar Bruna a andar de bicicleta e Pietra a nadar, cozinhar o tal do fillet mignon com batadas souté para Ana, conhecer os pais de Marisa, passar um final de semana em Paraty com Sofia, prestar atenção quando Clara arrependida fala da blusinha que bateu os olhos e não comprou, vasculhar o guarda-roupa e descobrir o seu tamanho, comprar a famigerada blusinha, ir ao show do Djavan com Solange, não fazer Luísa esperar, comprar o que realmente Rebeca queria ganhar de aniversário, descobrir a música favorita de Estela, ver “sempre ao seu lado” com Bianca, ouvir mais Amanda.
Talvez, mas só talvez depois disso, poderíamos voltar a nos indagar, sem cinismo, a clássica questão que aflige nossa raça desde nossos ancestrais: afinal, o que querem as mulheres?

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