quarta-feira, 9 de junho de 2010

Na casa de Irene a tristeza se vai....




Em razão das aleivosias propaladas por um destes que diz me seguir, resolvi antecipar a análise de uma canção que possui uma história muito pessoal.

Era início dos anos 80 e o cantor Agnaldo Timóteo, já célebre, realizava uma turnê pelo nordeste do país.

Boêmio, amante da vida noturna, Agnaldo chegou em zé doca, no maranhão, em uma fria noite de maio.

Após jantar em um restaurante de beira de estrada, o artista vagou pelas ruas escuras desta metrópole maranhense. Solitário e carente, atentou para uma casa com uma luz vermelha na frente, rumores de vozes, música e copos tilintando vindos da residência o chamaram a atenção e lá resolveu entrar...

(Falado)
Os dias tristes,
São como longa rua silenciosa,
De uma cidade deserta,
Deserta e sem céu.


trata-se da descrição do marasmo do cu de mundo que é zé doca.

(Cantado)
A casa de Irene,
De noite, de dia,
Tem gente que chega,
Tem gente que sai,
A casa de Irene,
Na casa de Irene, enfim alegria,
Na casa de Irene, a tristeza se vai.


Mas eis que a casa de Irene contrasta com o vazio da vida.


Dias sem esperança,
E esta saudade,
De ti.



(Falado)
São estes dias,
Como se fossem feitos de pedra,
Como num grande castelo vazio,
Onde reina a solidão.
(Cantado)

A casa de Irene,
De noite, de dia,
Tem gente que chega,
Tem gente que sai,
A casa de Irene,
Na casa de Irene, enfim alegria,
Na casa de Irene, a tristeza se vai.

(Falado)

E então eu te encontro na Casa de Irene,
E quando me vez, tu corres pra mim,
Olhas em meus olhos,
Seguras em minhas mãos,
E a sós em silencio,
Ficamos enfim.
(Cantado)

A casa de Irene,
De noite, de dia,
Tem gente que chega,
Tem gente que sai,
A casa de Irene,
Na casa de Irene, enfim alegria,
Na casa de Irene, a tristeza se vai.
Dias sem esperança,
E esta saudade,
De ti.


(Falado)
Nos dias tristes,
Eu quero lembrar-te.
Os dias tristes me levam a ti.
(Cantado)

A casa de Irene,
De noite, de dia,
Tem gente que chega,
Tem gente que sai,
A casa de Irene,
Na casa de Irene, enfim alegria,
Na casa de Irene, a tristeza se vai.

A casa de Irene,
De noite, de dia,
Tem gente que chega,
Tem gente que sai,
A casa de Irene,
Na casa de Irene, enfim alegria,
Na casa de Irene, a tristeza se vai....


Timóteo encantou-se logo por Irene, a dona do bordel. Os dois se apaixonaram e o cantor prolongou a turnê sempre aproveitando os dias de folga para visitar sua amada.

Em sua homenagem fez esta canção, uma versão da música do italiano Nico Fidenco.

Logo, o cabaré de Irene se tornou popular por receber artistas e poetas, se tornando a casa de campo mais movimentada do nordeste, perdendo apenas, anos depois, para o cabaré de bete cuscuz em Teresina.

O que Timotéo nunca soube, é quando voltou para o sudeste deixou uma semente do amor em sua amada, um jovem rapaz que hoje mendiga nas ruas do Coroado, bairro da zona leste de Manaus.

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