terça-feira, 1 de junho de 2010

Na Galeria do Amor é assim...



Olá criançada!!

Hoje, em homenagem ao rei que esteve recentemente por estas paragens, analisaremos um de seus grandes clássicos. Pra quem não sabe, Agnaldo Timóteo é pai de um de meus seguidores, quando o cantor era assiduo frequentador da casa da luz vermelha de Zé Doca no Maranhão, onde lá, Timóteo encontrou o amor e criou um de seus hinos, intitulado "A Casa de Irene", mas isso é uma outra história.

O cantor, deputado, ex-bbb do sbt (casa dos artistas- isso não é nome de asilo?) sempre demonstrou ter uma sexualidade ambivalente. Em uma de suas canções mais famosas: Na Galeria do Amor, vemos esse seu traço marcante.

Vejam a canção:

Numa noite de insônia saí
Procurando emoções diferentes


Todo mundo sabe que quando o baitola tem uma crise pra amassar o aro não tem quem segure, abstinência gera insônia, no entanto o eu-lírico demonstra uma inquietude à qual ele não compreende a origem, então ele vaga atrás de algo "diferente", diferente do que? do padrão, do paradigmático, do convencional heterossexualismo opressor que nos ronda.


E depois de algum tempo parei
Curioso por certo ambiente
Onde muitos tentavam encontrar
O amor numa troca de olhar


Eis que o eu-lírico se atém a um lugar que o chama, nos pontos de encontro da irmandade a arte da sedução é muito sutil, através de olhares os baitingas procuram se entender...

Na galeria do amor é assim
Muita gente a procura de
Gente
A galeria do amor é assim
Um lugar de emoções
Diferentes


Eis o refrão... na galeria do amor é assim... o que Timoteo quer dizer com gente procurando gente? É claro que a conotação é homossexual, gente procura gente, procura seu semelhante, o mesmo de si, o homo.

Onde gente que é gente se
Entende
Onde pode se amar
Livremente
~

O amor livre! Livre das amarras do moralismo cristão!A queimação de lorto correndo solta.

Numa noite de insônia saí
E encontrei o lugar que
Buscava
A galeria do amor me acolheu
Bem melhor do eu mesmo
Esperava


Eis que o eu-lírico sai do armário. Sua angustia cessou pois encontrou o que tanto procurava, na galeria do amor foi bem recepcionado.


Hoje eu tenho pra onde fugir
Quando a insônia se apossa de
Mim
Na galeria do amor é assim
Muita gente a procura de gente
A galeria do amor é assim
Um lugar de emoções diferentes
Onde gente que é gente se
Entende
Onde pode se amar livremente
Onde gente que é gente se
Entende
Onde pode se amar livremente


É interessante como Algnaldo de uma maneira sutil retrata os guetos homossexuais tipicos dos anos 70. Lembrem-se que não estamos a tratar de boites para o público gay extremamente clichês como encontramos hoje.

Os homossexuais se reuniam em porões, becos, lugares isolados, tal ambiente é muito bem retratado no filme "Parceiros da Noite" onde Al Pacino é um policial que se infiltra na comunidade gay de Nova York para tentar desvendar a identidade de um assassino que está aterrorizando o grupo.

A experiência se revela muito mais brutal do que ele poderia imaginar. Para encontrar o maníaco, precisa mergulhar na atmosfera dos clubes de sadomasoquismo e outros redutos gays da cidade.

O filme de 1980 chegou a ser considerado homofóbico e Al Pacino gay, mas quem já não foi?

2 comentários:

  1. Boa. Tava com saudade dessas reveladoras análises do que há de melhor no vasto acervo musical brasileiro.

    Destaque para:

    "...do convencional heterossexualismo opressor que nos ronda."
    e
    "...Livre das amarras do moralismo cristão!"

    Sabia que vc compartilhava das aflições que atormentam a irmandade! ;]

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  2. Faltou fazer uma pequena menção à passagem de pai Timóteo a fabulosa Pousada de Isabel, casa de "repouso" muitíssimo conhecida na velha Manaus, e frequentada por boêmios e pé-rapados de toda a cidade. Tudo bem, essa é uma das histórias pouco conhecidas de nosso mestre.
    Abraços.

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