quarta-feira, 10 de julho de 2019

A mais bela das árvores



Há nas costas de uma bela garota a mais bela das árvores grafada,
A imponente copa emergindo do tronco não produz sombra,
Tampouco de lá se apresentam razões frutíferas,
Mas ao pesquisador atento é ofertado o singelo serpenteio de passos hesitantes,
O florescimento de augustos sorrisos,
Delicadamente acoplados em umbrais vicejantes;

Há nas costas de uma bela garota a mais bela das árvores grafada,
Impassível de catalogação,
Recusou para si nome científico,
E não atende pelo nome popular,
Embora na densa flora das multidões se eleva,
Embebido em orvalho transpirado,
O mais sedutor e embriagante tom de canela;

Há nas costas de uma bela garota a mais bela das árvores grafada,
Inacessível ao suplício de Serras,
Indiferente aos anseios de Machados,
Recolhe-se para tombar em inauditos lençóis,
Soerguendo-se seja na aurora das manhãs,
Ou no poente, a desdita de todos os sóis;

Há nas costas de uma bela garota a mais bela das árvores grafada,
Exultantes meus olhos margeiam,
A única árvore sem outono,
Sobrevivente das estações femininas,
Habitante de um latifúndio sem dono.

Nenhum comentário:

Postar um comentário